Uma amiga fotógrafa pergunta: se eu a contratasse para fotografar e ela aparecesse com um smartphone, se estranharia. Contou que quer vender maquina fotografica Cannon pra comprar um iPhone 11, que é mais leve e fotografa tão bem quanto. Explicou que fotógrafos só não fazem isso talvez por receio de não parecerem tão profissionais ou por "status".
Engraçado. A equipe de filmagem da Clube sai pra trabalhar praticamente com uma bagagem de mão. Antes, uma van quase não era suficiente pra carregar tanta tralha pra fazer uma externa. E o resultado hoje é MUITO melhor.
Fiquei pensando/lembrando que, não muito tempo atrás, quem desenhava usando caneta digital e tablet e não tinta/lápis/pincel também recebia olhares tortos dos pares.
Em música, os estudios caros, cheios de equipamentos pesados pra gravar discos também mudaram: hoje, tudo pode ser resolvido no quarto de um adolescente. Que não raro vai parar nas plataformas, radios e TVs do mundo rendendo uma bela grana. Pra quem duvida, foi assim com Justin Bieber, Billie Eilish e mais um monte.
No dicionário, paradoxo é definido como "pensamento, proposição ou argumento que contraria os princípios básicos e gerais que costumam orientar o pensamento humano ou desafia a opinião compartilhada pela maioria". Paradoxal mesmo é o tempo que estamos vivendo: o simples que quase sempre vem recheado de tecnologia.
As imagens continuam imagens e a música continua sendo música. Olhar e ouvir é a cesta básica. As embalagens é que continuam mudando. David Bowie anteviu em 1999 que a música seria consumida em rios elétricos. Taí o streaming dos spotify, deezers da vida.
Ainda há violão e pandeiro. Em catastrofes naturais, a internet some e quem ajuda a resolver os perrengues é sempre o radinho de pilha. Minha amiga vendeu a Cannon e tá bem feliz com o iPhone 11. A Clube885 toca música de João Gilberto e Ray Charles gravada em 1959, ouvida aqui nesse site ou no teu smartphone. No fundo - e no raso - a vida é boa e cheia de possibilidades.
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