- Por Gui Beck
A banda paulista de rock psicodélico Bike, criada em 2015, está vivendo
um grande momento e as evidências disto são abundantes! A pequena equipe
do Estúdio Gaveta, em viagem cobrindo alguns Festivais de música nos
Estados Unidos, teve o prazer de acompanhar pessoalmente um pouco das
últimas aventuras do grupo, formado por Diego Xavier (voz e guitarra),
Julito Cavalcante (voz e guitarra), Daniel Fumega (bateria) e João
Gouvea (baixo), e nos tornamos testemunhas desse momento bonito.
Mesmo que você não vá à um show da Bike com a percepção sensorial
intensificada pela ingestão de algum alucinógeno, o som do quarteto por
si só é combustível suficiente para o cidadão comum se perder por
minutos a fio dentro de cada música, e com a luz certa, a experiência
vira deleite puro. No show que acompanhamos no Neurolux, bar com a
cerveja mais barata que encontramos em Boise, Idaho (3 dólares o latão,
caso alguém se interesse em saber) como parte da programação do Festival
Treefort, fomos testemunhas inclusive de um episódio onde uma dessas
viagens sensoriais dentro da música foi um pouquinho longe demais. Uma
moça teve o brilhante ímpeto de livrar-se de suas incômodas vestes e
juntar-se à banda no palco. Para o bem da moça e do resto do show (e
para a infelicidade do resto do causo) ela foi contida por outros
presentes, que perceberam a óbvia ameaça à continuidade do show, e logo
um segurança a privou do convívio geral e do resto de toda experiência
sensorial coletiva.
Foto: Rafael Beck/Estúdio Gaveta
Eu mencionei a luz certa anteriormente. Acho que a penumbra entrecortada
por alguns fachos de luz e um luminoso retrô ao fundo do palco do
Neurolux só não funcionou melhor do que teria sido uma iluminação
baseada naquelas projeções com imagens em macro de líquidos coloridos,
tão comuns nos anos 60, e tão associados à música psicodélica em geral.
Chegamos a ver vários outros shows no Festival que deram a sorte de ter
performances noturnas agendadas em alguns palcos que se caracterizavam
justamente por essas projeções como parte do show, mas acho que nenhuma
dessas que vimos teria casado tão bem quanto o show da Bike. Uma das
minhas poucas críticas (e é construtiva ela) ao Festival. Fica a dica,
Treefort, se a Bike voltar ano que vem, providenciem umas projeções
psicodélicas, por favor.
Mas o momento feliz que a Bike vive não se limita ao que testemunhamos
em Boise. Como mencionei antes, as evidências abundam. Vamos listá-las:
1 - A participação no Treefort foi parte de uma turnê internacional mais
do que bem sucedida, da qual a Bike retornou há pouco. A primeira turnê
nos Estados Unidos, que compreendeu em um curto espaço de tempo, nada
menos que 18 shows, sendo 13 deles no Festival South by Southwest em
Austin, Texas (um recorde absoluto entre artistas brasileiros
participando no festival, cujo braço musical dura apenas 7 dias, diga-se
de passagem), outros 3 no Treefort, que já citei, mais 1 em San Antonio
(também no Texas) e um último em Seattle, no estado de Washington;
2 - Em Boise, durante o Treefort, gravaram uma performance especial para
a Rádio Boise, cuja primeira parte já está no ar e você confere aqui:
3 - Em Seattle gravaram uma performance especial para a prestigiosa
Rádio KEXP, sendo entrevistados por Cheryl Waters, referência mundial no
jornalismo musical. A apresentação completa com 4 músicas e a entrevista
com Cheryl Waters você confere aqui:
4 - Logo após o retorno ao Brasil tocaram em São Paulo para um Cine Jóia
lotado, sendo sucedidos pelo show surpresa do lendário "Trio Mocotó" e
pela atração internacional, uma das grandes influências da própria Bike,
a banda americana "The Brian Jonestown Massacre";
5 - Acabaram de lançar seu quinto álbum de estúdio, "Arte Bruta", que
saiu no último dia 5, pelo selo Before Sunrise Records;
6 - Farão o primeiro show de divulgação do novo disco em Porto Alegre
nesta quinta-feira, dia 25.
Na nossa conversa com o pessoal da Bike durante o Treefort Festival eles
nos contaram um pouco sobre esse momento e as impressões deles sobre
toda a aventura nos Estado Unidos. Nosso encontro foi em um momento
especialmente feliz para o grupo, depois de todos os shows no Texas e
imediatamente depois de encerrar a participação no Treefort mas antes de
rumarem para Seattle onde teriam o encontro com Cheryl Waters, na KEXP.
Apesar do friozinho castigante em Boise, onde chegou a nevar um
pouquinho por dia, em quatro dos cinco dias de Festival, o quarteto
estava muito animado com a trajetória e o que viveram por lá. O calor
humano que encontraram na comunidade de Boise foi algo que supriu bem a
falta de calor na atmosfera, junto com os pequenos pacotes de
aquecedores químicos de se colocar nos bolsos que o Manager da banda,
Bruno Montalvão, ganhou de presente de um local (e que foi um dos
grandes achados tecnológicos, não só deles, mas da nossa pequena equipe
também). Daniel Fumega, baterista da banda ressaltou também a vocação
cultural do estadunidense, de forma geral, para absorver o Rock em todas
as suas variações: " A gente se surpreendeu, com como a cultura aqui é
diversificada. A galera entende Rock, cultiva Rock, consome Rock. Em
geral. E de todos os estilos."
A Bike faz seu primeiro show depois do lançamento oficial de "Arte
Bruta" em Porto Alegre, no Espaço Cultural 512, na próxima quinta-feira,
dia 25. Que o lançamento do novo álbum prolongue bastante esse momento
legal da banda e que dele floresça muita coisa ainda!
CLUBE 885, muito mais que rádio!
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